Agosto Lilás: O autoconhecimento como ferramenta para a liberdade

Agosto Lilás

por Thaís Cristina Almeida Siqueira
Educadora física e Embaixadora Move Flow

  

Segundo o Conselho Nacional de Justiça, pouco mais de 380 mil casos de violência contra mulher foram registrados na Justiça brasileira em apenas cinco meses de 2024.

Esse número assusta, porém a realidade é muito pior, afinal a subnotificação da violência doméstica ainda é maioria, devido ao medo, vergonha ou simplesmente não identificar ou normalizar a violência.

 Agora, gostaria de provocar uma reflexão: você acredita que a violência doméstica está limitada a mulheres de baixa renda e baixa escolaridade?

Pois eu tenho uma notícia: ela está fortemente presente em todas as classes sociais, econômicas e intelectuais, e em casos de mulheres pertencentes a classes mais privilegiadas trás consigo a omissão, a vergonha e a forte crença de que o agressor vai ter sua preciosa vida estragada se for denunciado.

E o que nós professoras e professores Move Flow temos a ver com isso? TUDO!

 

A violência contra a mulher

Em sua esmagadora maioria, nosso público alvo engloba as mulheres de classes mais privilegiadas, que nesse momento podem estar sofrendo violências e sendo completamente omissas, assim como nós mesmas.

E mesmo atendendo públicos diversificados, como terceira idade, baixa renda, infanto-juvenil… a violência contra o gênero feminino sempre está presente.

Mas, para continuarmos essa conversa, é necessário entender que a violência contra a mulher não se resume apenas a agressão física. Da violência moral ao feminicídio temos todos esses tipos de violências criminosas:

  • Violência Psicológica: Ofensas, ameaças, e manipulação que deixam a mulher com medo e insegura.
  • Violência Patrimonial: Destruir ou controlar os bens e dinheiro da mulher.
  • Violência Moral: Difamar, caluniar, ou ofender a reputação da mulher.
  • Violência Sexual:Forçar relações sexuais ou práticas não desejadas, inclusive no casamento.
  • Violência Física: Agressões como tapas, socos, e chutes.

É muito importante saber que o agressor, pode ser o parceiro, pai, irmão, filho, neto, ou até mesmo, outra mulher, seja uma companheira em relacionamento homoafetivo ou membro da família, por isso é necessário uma visão ampla do tema.

Qual o papel do Move Flow?

Diante disso tudo, vejo dois papeis de imensa importância em nossa atuação profissional:

A simples aplicabilidade do método em sua essência promove o desenvolvimento do autoconhecimento e da autoestima, o que já traz segurança, confiança e força para identificar uma situação de violência e sair dela, livre de culpa, dependência e qualquer tipo de consideração pelo agressor.

Informação. Você já buscou saber como identificar casos de violência e o que fazer nessa situação? Buscar aprendizados em relação ao enfrentamento de violências deve fazer parte do portfólio de um profissional da nossa área.

O “meter a colher” não significa (somente) intervir no momento das vias de fato, mas é importante saber que qualquer pessoa pode e deve fazer uma denúncia no número 180 ao identificar qualquer tipo de violência com outra mulher, e essa denúncia pode ser anônima!!!

Quando percebemos que alguém de nosso cotidiano, nesse caso, nossas alunas e clientes, esteja passando por essa lamentável situação, nem sempre uma abordagem direta vai fazer efeito, afinal, a dependência emocional é a grande âncora que a mantém nesse lugar.

Então, abordar o assunto em suas sessões e conversas, de forma informativa, e até despretensiosa, pode ir aos poucos plantando a sementinha na consciência dessa vítima, e é aí que entra a nossa incrível habilidade de comunicação não violenta, nossas técnicas de PNL, nossa autoridade como profissional da saúde. Disseminar informação é nosso dever!

 Aplicar o método Move Flow em sua essência, promover o desenvolvimento da consciência corporal, autoestima e protagonismo é uma frente de vital importância para a libertação de mulheres em sofrimento.

Agora, se você que está lendo esse artigo, acendeu uma luz de emergência, fique atenta aos sinais, e diante da constatação, junte forças e saia desse relacionamento, lembre-se que você não está sozinha.

E se a situação estiver crítica, não tenha medo, denuncie, ligue 180 ou busque o Serviço de Assistência Social do seu município, as políticas públicas existem para nos proteger e auxiliar!

Se nossa missão como profissionais do movimento é promover saúde integrativa, felicidade e longevidade, devemos sim nos atentar com fatores além do óbvio em nossas atuações e de fato, transformar e salvar vidas.

Citando nosso maior ícone dessa luta, Maria da Penha: “Juntos, podemos fazer mais e melhor, porque a violência contra a mulher não é um problema privado, mas um desafio público que exige a força e o compromisso de todos.”