Fáscia, LPF e Move Flow – Método e Ferramenta
Por Gisele Essy
Fisioterapeuta e Embaixadora Move Flow
Por muitos anos os pesquisadores de anatomia ignoraram a nossa “roupa interna” que era compreendida como uma embalagem inerte que dava suporte aos músculos e aos órgãos.
No entanto, em Boston, EUA, em 2007, a visão sobre esse sistema foi expressivamente modificada com o primeiro Congresso de pesquisa sobre Fáscia realizado em Harvard Medical School.
Porém, mesmo com as pesquisas se intensificando e se expandindo este conhecimento e aplicabilidade ainda é pouco conhecido pelos profissionais da saúde e do movimento.
Minha experiência pessoal com o universo da fáscia
O meu primeiro contato com as pesquisas sobre Fáscia foi em 2015, com a metodologia Italiana Stecco, eu era recém-formada e nunca tinha ouvido falar deste sistema antes. Perceber que a biomecânica e a visão de “corpo máquina” não era o único caminho, me fascinou!
Isso porque, desde que comecei a estudar este universo fascinante nunca mais tive desafios em reabilitar e aliviar as dores dos meus alunos. Contudo, conto isso, porque, até então, eu só sabia usar este conhecimento através da terapia manual e muitas dúvidas passavam na minha cabeça, mas eu nada conseguia concluir sozinha.
Até que conheci duas metodologias que utilizavam o conhecimento do sistema fascial no movimento corporal: o LPF e o Move Flow . E isso, novamente revolucionou minha prática clínica.
LPF e Move Flow – Aspectos comuns e complementares:
Tanto o LPF como o Move Flow são treinamentos neuromiofasciais – o primeiro utiliza pautas posturais e respiratórias para atuar no sistema e o segundo utiliza bolinhas anatômicas texturizadas em sequências de movimentos integrados e fluídos em ambiente sensorial adequado para estimular as propriedades do sistema fascial.
O interessante para o estilo de vida atual é que os dois métodos estimulam a PRESENÇA: os praticantes de LPF dizem que é uma “meditação em movimento” e os praticantes de Move Flow dizem que é estar em “estado de Flow”. Desta forma, por princípios e caminhos diferentes ambos proporcionam modulação do sistema nervoso aliviando a ansiedade, estresse, insônia e etc tão necessários hoje.
Como a prática do LPF depende de uma pauta postural específica e minuciosamente controlada, usar o ambiente e princípios do Move Flow é muito interessante para iniciar o ensino, aprendizagem da respiração e ampliar o volume pulmonar.
Isso porque, geralmente, as pessoas chegam ansiosas por fazer um vácuo abdominal, com diafragma muito tenso, costelas com pouca mobilidade, respiração invertida, pouca percepção corporal, e etc
É aí que trabalhar o corpo de forma integrada navegando pelos trilhos anatômicos e focando nas qualidades do sistema fascial vai permitir ao praticante, de forma descomplicada e gostosa, liberar os excessos de tensão, ganhar mobilidade e volume respiratório, além claro de adquirir uma consciência e controle respiratório com muito mais facilidade.
Outro aspecto que faz as práticas se complementarem de forma bem potente é o entendimento do princípio dos CAMINHOS do Move Flow (ativação do corpo das extremidades para o centro) que permite a pessoa leiga entender com muita facilidade a sua organização tridimensional e biotensegral, tão necessários na hora de manter as pautas posturais do LPF associadas às pautas da respiração.
Ainda pensando nas posturas do LPF, o Move Flow complementa muito o trabalho postural, pois ao agir de forma específica e organizada (de fora para dentro) sobre cada trilho anatômico, hidratando, deslizando, tonificando e resgatando a capacidade de pulso dos tecidos, ele proporciona uma melhor capacidade de adaptação do aluno aos desafios e esforços das posturas LPF permitindo o corpo entrar no processo de tonificação postural de forma muito mais simples, potente e prazerosa.
LPF e Move Flow – O meu relato pessoal
Em 2018 fiz minha primeira formação LPF, nível 1, com a Carol Lemes em Porto Alegre. Desde então, fiz todos os níveis e especializações do método. Amo muito a metodologia!
Porém, desde que conheci o Método Move Flow em 2020 me encantei com a sua simplicidade e potência! O Método ganhou tanto o meu coração que em 2021 iniciei o processo para seleção de Embaixador Move Flow para representá-lo em sua verdadeira essência.
O fato é que, desde que fiz o curso online de imediato e sem medo, comecei a inserir o Move Flow como ferramenta de preparação para a prática do LPF. Na época meus atendimentos eram 75% de LPF e minhas alunas se apaixonaram!Pediam em todas as aulas as “bolinhas mágicas da gi”.
E o principal motivo da paixão é que com as bolinhas texturizadas, o ambiente sensorial e os princípios Move Flow elas conseguiam, no aquecimento para as posturas LPF, compreender e manter de forma muito mais simples e natural as pautas posturais e respiratórias. Elas adquiriam as bolinhas e passavam a gostar de fazer os 5 minutinhos diários, que para a maioria dos alunos era um imenso desafio praticar sozinho em casa.
Ao integrar o Move Flow como ferramenta de preparação às Posturas do LPF consegui potencializar todos os benefícios que a Metodologia promete; passei a fidelizar muito mais as praticantes e engajá-las no autocuidado diário, e ainda consegui aumentar o valor das minhas horas/aulas.
Afinal, se torna um atendimento muito mais completo e diferenciado, pois o Move Flow foi desenvolvido para estimular diretamente o Sistema Fascial e proporciona resultados incríveis desde o primeiro contato.
O tempo de preparação com o Move Flow vai depender da nossa avaliação e objetivos da pesssoa, mas em geral utilizo 10, 15, 20 e até 30 minutos do Move Flow antes das Posturas LPF. É uma ferramenta maravilhosa para fazer a pessoa “chegar” e “se entender no corpo” criando as condições para se desafiar nas posturas.
E se você quer conhecer mais sobre as formações Move Flow para também aprender a estimular a fáscia de seus alunos e pacientes, podendo combiná-lo ou não com outras metodologias, acesse aqui para ter mais detalhes.