O que acontece quando não estamos no controle?

Por Fernanda Avancini

Dessa vez a matéria é focada em uma experiência pessoal que senti no meu coração que deveria contar em um texto mais longo.  Apenas um post no instagram não seria suficiente para descrever o que vivi e continuo reverberando após a volta.

 É um texto longo, mas profundo que foi escrito durante e depois da viagem mais transformadora da minha vida até agora!. Desejo que as pessoas certas cheguem até o final.

 Boa leitura!

 

O que acontece quando não estamos no controle?

Por que na vida a gente precisa se perder para se encontrar?

Não entendo porque a gente só aprende errando… quando vamos aprender com os acertos?

Por que mesmo quando acertamos não valorizamos os acertos e não seguimos repetindo os acertos?

Por que mesmo sabendo que algumas atitudes nos fazem mal fazemos mesmo assim?

A decisão mais assertiva da minha vida foi andar entregando minha vida para Deus, mas minha prepotência em algumas fases da minha vida me fizeram querer controlar a vida, tudo e todos que estão ao meu redor.

Que ingenuidade a minha forjada de controle.

Não temos controle em nada na nossa vida.

Obviamente que criamos hábitos com o intuito de minimizar problemas que a falta desses hábitos podem causar como, por exemplo, escovar os dentes.

Eu sei que se não escovar a probabilidade de ter algum problema bucal é maior.

Mas o que acontece quando não entregamos nossa vida para Deus? E aqui eu não estou falando de religião, estou falando da força maior que existe dentro e fora de nós.

Entregar a vida para Deus não é um ato de negação de que devemos ficar parados deixando a vida me levar, mas sim que ao confiar nessa força, entregar e sentir a direção que ela nos leva pode ser uma forma mais resiliente de levar a vida.

É engraçado como pessoas muito controladoras como eu são testadas por situações onde você não tem o menor controle e depois de muito insistir no desejo de dar conta de tudo vem Deus e te mostra que quem está no controle é Ele.

Esse último ano da minha foi de muitas provações de que eu não controlo nada na minha vida.

Confiar e entregar é um ato de vulnerabilidade do quão pequeno somos perto dessa força divina.

Desacelerar para se escutar e escutar a voz dessa força é desafiador atualmente.

É muito fácil entrarmos no automático e nos desconectarmos.

Eu não sei que dia você vai ler esse texto, mas no mês de abril de 2024 tirei férias para um lugar totalmente inimaginável para mim: Chapada Diamantina na Bahia.

Mais inimaginável ainda era não saber de nada o que me esperava, não vi roteiro, nunca havia feito uma viagem de trilhas, mata, rios, cachoeiras, poços e montanhas.

Com certeza se eu soubesse o que iria acontecer eu não teria ido pois a proposta era totalmente fora da minha zona de conforto.

Por intermédio de uma amiga querida, a Dra Ana Paula Peña, fiquei sabendo dessa viagem chamada Conexões com Mariana Ferrão.

Na vontade louca de sair desse caos que estava vivendo em São Paulo e confiando na indicação da Paulinha apenas aceitei, paguei e me preparei para ficar off-line por uma semana.

A Mari foi nossa guia e facilitadora por uma jornada de autoconhecimento pelo desconhecido, nossas sombras, nossas fortalezas e quem somos.

Logo na ida os aprendizados iniciaram no aeroporto. Mudaram nosso voo da azul para outra companhia, a Gol, pois tínhamos uma conexão em Confins para Lençóis e nosso primeiro voo atrasaria.

Eu e mais uma pessoa do grupo, a Dani, havíamos sido as únicas que despacharam mala, e na troca de voo não conseguimos fazer o despache das malas para a azul novamente.

Corri como louca para o guichê da azul para conseguir despachar a mala e embarcar a tempo, mas o embarque já havia encerrado.

Entrei em desespero e chorei de raiva querendo desistir e voltar para São Paulo, afinal aquilo era um sinal para parar de inventar de tirar férias no meio do caos que estava vivendo e voltar para resolver as coisas…

Eu, a Dani e mais um casal que passou pelo mesmo perrengue conosco, o Ventura e a Neide, tivemos que aguardar 6 horas para ir para Salvador e de lá pegar uma van de mais 6 horas para chegar em Lençóis, ou seja, chegamos de madrugada após 18 horas que havia saído de casa.

Primeira lição: não estou no controle de tudo…

No dia seguinte, cansada de do stress do dia anterior e por dormir muito pouco, iniciei finalmente a tão sonhadas férias.

Eu sabia que a proposta da viagem eram trocas de experiências entre os participantes, mas não sabia que haveria exercícios tão profundos.

A Mari propôs de cara que pensássemos na nossa intenção para aquele dia e que não soubéssemos tudo que iria acontecer no primeiro dia de passeios que iniciavam pegando uma van para um mini pantanal próximo a Lençóis aonde iríamos de barco por Marimbus rumo a primeira cachoeira do Rio Roncador e exercitássemos o silêncio.

Minha intenção para o primeiro dia era me reconectar!

Foi enlouquecedor como minha mente acelerada, ansiosa e confusa vinda da cidade não conseguia focar, também senti medo por estar sentada em um barquinho com mais 4 pessoas onde eu sentei na frente e o remador estava atrás, ou seja, eu estava na frente e completamente sem controle do barquinho.

No Pantanal da Chapada sem controle do barquinho

Depois de um tempo no trajeto veio uma pergunta: “Onde foi que eu me perdi” e as lágrimas começaram a descer com inúmeros pensamentos e sensações ao longo do dia.

Seguimos em silêncio para a cachoeira onde tomei meu primeiro banho de “lavar a alma”.

Primeiro banho com o grupo nas águas do Roncador

Sempre no final do dia havia uma partilha onde cada um contava sobre sua experiência.

Segunda lição: é necessário o silêncio para se ouvir

No segundo dia de passeio iríamos pegar um longo período de estrada e de trilha onde a proposta na caminhada também era o silêncio rumo a Cachoeira do Buracão, uma cachoeira de 90 metros de altura que me impactou profundamente por sua força vista de cima e sermos contemplados por uma arco-íris entre as águas, mas quando acessamos sua margem por dentro dos cânions e cheguei mais perto sentindo aquela potência foi algo de emocionar e sentir a presença de Deus.

Contemplando a força do Buracão

Mas a melhor parte foi boiar dentre os cânions e deixar apenas o rosto para fora, ouvindo apenas o som das águas e enxergando o céu, me senti abraçada pelas águas como se estivesse dentro da barriga da minha mãe novamente.

Nesse dia finalmente eu consegui começar a minha reconexão, onde os pensamentos começaram a desacelerar e recomecei a me ouvir.

Na partilha desse dia eu contei que eu finalmente havia “chego” na viagem.

Terceira lição: é preciso desconectar para conectar

No terceiro dia fomos ao Poço Encantado e o Poço Azul dentro de cavernas onde feixes de luz ao entrar e tocarem as águas abriam raios azuis estonteantes.

Com o grupo no Poço Azul
Com o grupo no Poço Encantado

Nesse passeio o que mais me tocou foi a quantidade de borboletas no caminho, nunca havia visto tantas borboletas juntas, e a conversa que tive com o Van, nosso guia da Venturas Turismo, que fez toda a diferença para nossa experiência ser única.

Aliás, aqui preciso reforçar de como foi importante o suporte de uma agência e um guia excepcional que foi além de guia turístico, ele foi um guia de muito acolhimento, segurança e até terapêutico para nós! Obrigada Venturas por escolher o melhor guia para nós! Obrigada Van!

Nosso guia Van

Após 3 dias de muita trilha, muitos caminhos de pedras, subidas e descidas, enfrentamentos que algumas pessoas do grupo vivenciaram com seus medos pelo desconhecido e traumas, o corpo pedia um descanso e tive a oportunidade de guiar uma prática de Move Flow para abraçar a todas.

Para quem me conhece como a idealizadora do Move Flow e me vê falando em vídeos e guiando os cursos, imagine que eu sou uma pessoa extrovertida, mas sou o oposto disso, sou introvertida.

Gosto de estar sozinha no meu mundo para resolver minhas questões, e foi dentro desse meu mundo que desenvolvi o método para mim para me autocurar das dores que eu tinha e outros métodos não resolviam…

Por ser introvertida, às vezes não demonstro meu afeto com abraços e beijos, fico na minha observando, e o Move Flow é minha forma de abraçar e amar as pessoas ao meu redor.

Nessa vivência única que tive a oportunidade de guiar segui meu coração e o que eu sentia que cada uma do grupo precisava e após a prática muitas terminaram emocionadas e entregues as sensações que a viagem e as bolinhas mágicas haviam despertado.

A Mari aproveitou aquele momento para abrir outro momento de partilha que foi profundo, de muita entrega e vulnerabilidade em um lugar seguro para se expor… ali foi a troca onde eu me despi e me entreguei por completo ao que pulsava no meu coração.

Quarta lição: o lugar seguro muitas vezes está no desconhecido

No quarto dia ficamos mais na cidade de Lençois e conhecemos o parque de Muritiba.

Nesse dia a Mari propôs que fizéssemos uma pergunta para nós mesmas e que no trajeto ficássemos atentas a resposta que poderia vir no trajeto em silêncio até as piscinas naturais do parque.

A pergunta que me fiz foi: “Onde me encontro e onde continuo me encontrando na cidade?”

Andando pela trilha passei por uma placa que dizia: “Encontre na natureza a calma que você precisa”.

E ao chegar nas piscinas que combinavam pequenas e fortes correntezas fiquei em oração pedindo para as águas levarem toda a tensão, peso e qualquer energia negativa que ainda estava em mim.

Deixando as águas lavarem a alma

Para mim, que sou super urbana, é um desafio estar em contato com a natureza muitas vezes.

E a grande questão é quando estamos em um ambiente propício é muito fácil sentir a calma e a paz que tanto buscamos, mas como acessar isso longe da natureza?

Refletindo sobre isso quando cheguei na pousada senti vontade de entrar na piscina sozinha e escutar louvores que gosto muito e o louvor “Arde outra vez” do Thalles Roberto me trouxe uma conexão muito forte com a natureza e com Deus:

Eu não quero mais viver
Longe da Tua presença.
Meu Senhor, hoje quero voltar,
Voltar ao início de tudo.

De quando eu era feliz,
Sentia a Tua presença,
Caminhava ali no Seu jardim,
Te encontrava todo dia.

Mas me perdi, Senhor, no caminhar,
Tentei andar sozinho na aventura dessa vida,
Foi só ilusão,
Confesso que andei perdido, sim.

Mas hoje te devolvo um coração,
Arrependido de tudo o que fez
Quero voltar, Senhor, para os Teus rios,
Voltar, Senhor, para os Teus rios.

Me molha, me lava,
Me ensina, me inspira
E arde outra vez no meu coração.

De braços abertos quero te receber
Filho eu estava esperando você.
Você pra mim é tudo que eu sonhei um dia
Eu te amo.

Escute e sinta cada palavra desse louvor na voz do Thalles

Após escutar esse louvor e ir para o quarto tomar banho encontrei a resposta de como eu iria continuar me conectando com a natureza na cidade, decidi que o chuveiro será minha cachoeira diária que me molhará, me lavará, me ensinará, me inspira e fará arder outra vez Deus no meu coração.

Quinta lição: encontre a sua natureza na cidade

A essa altura iniciando o quinto dia, eu já estava satisfeita com tantas experiências e aprendizados e não imagina que o melhor para mim ainda estava por vir!

No quinto dia fomos conhecer a Cachoeira do Mosquito e assistiríamos o por do sol e o nascer da Lua Cheia no Morro do Pai Inácio.

A trilha foi tranquila e não sabia o que me esperava ao me deparar com a força das águas dessa cachoeira de 60 metros onde podíamos andar e sentir sua potência muito de perto, diferente do Buracão onde apreciamos de longe.

Quando cheguei perto e senti a força da chuva que vinha das correntezas da cachoeira, fiquei paralisada embaixo e de braços apertados sentindo a água bater no meu peito quase me derrubando comecei a cantar o louvor “Arde outra vez” em prantos onde não sabia o que eram lágrimas e o que eram águas da cachoeira.

Sentindo as águas da Cachoeira do Mosquito

Ali eu me entreguei para poder da natureza em total presença de Deus como há tempos não sentia, apenas me humilhei e agradeci a Deus por estar ali… tive um momento de total intimidade com Ele que está guardado eternamente em meu coração.

Foi arrebatador!

Tudo o que ainda estava estagnado em mim fluiu ali… palavras não são suficientes para descrever essa experiência.

Para mim a viagem poderia encerrar ali, mas ainda tínhamos o Morro do Pai Inácio para conhecer.

Uma subida íngreme em meio as pedras para chegar no topo do morro e apreciar o sol e a lua se misturando em uma visão 360 graus de tirar o folêgo.

Eu e a Paulinha subindo o Morro
“Voando” no Morro

Sexta lição: Deus não acerta, Ele capricha. O melhor de Deus ainda está por vir. Creia.

Último dia e o que nos aguardava? Eu, que me considerava uma pessoa que não gostava de aventura, decidi encarar um desafio inimaginável: fazer rapel no Poço do Diabo.

Quando começamos a nos preparar senti meu coração bater muito forte e tive medo e me perguntei: “Do que você tem medo?”. Ali entendi que meu medo é de não estar no controle e comecei a pensar em todos os desafios que já havia superado em 6 dias por não estar no controle e pensei: “Eu já fiz isso antes e farei de novo, vou me entregar e confiar”.

Além disso, no grupo que decidiu fazer rapel tinham duas pessoas com muito medo de ir e meu medo ficou tão pequeno perto delas e quis dar suporte para elas, ficando por último para que elas tivessem além do auxílio do Zé, o instrutor do rapel que passou muita segurança com nosso guia Van eu também estava ali com elas.

Consegui descer e não bastasse descer me entreguei para a experiência.

De lá seguimos para o melhor restaurante de toda a viagem, Lila, onde comemos a melhor comida da semana em um lugar exuberante com inúmeras experiências gastronômicas e de sensações únicas de liberdade.

No balanço infinito do restaurante Lila

E quando achávamos que havia acabado fomos para uma casa no meio “do nada” que era tudo em Vila de Campos de São João.

Mais uma vez fomos contemplados com o por do sol e o nascer da Lua em uma experiência transcendental sendo guiados pela Mari em uma roda de partilha de encerramento dessa viagem inesquecível.

O último por do sol
Com a Mari, nossa guia interna pelas profundezas de nossos oceanos

Essa partilha foi profunda, intensa e poderosa onde terminamos de lavar nossas almas e nos conectar conosco, com Deus e o que mais cada um ali acreditava!

Quero agradecer imensamente a Deus por me permitir viver isso ao lado dessas pessoas que iniciaram a viagem como estranhos e terminaram como amigos de infância que quero levar para a vida: Paulinha (sem você insistir eu jamais teria ido), Mari, Van, Thi, Ci, Lú, Dani japa, Dani lora, Fabi e Ivana.

Última foto da turma
Encontrando o Ventura e a Neide, com a Dani na viagem de volta que deu certo!

Última lição da viagem (pois as lições continuarão): Só vive o encontro quem se perde, perda-se e encontra-se quantas vezes forem necessárias para ser alguém melhor para você e para o mundo!

Continuo digerindo tudo isso que estou vivendo, mas algo pulsa dentro de mim… hoje estou tendo a oportunidade de me molhar, me lavar, aprender, inspirar e sentir arder essa força divina no meu coração em contato com a natureza, mas na vida urbana temos a oportunidade de encontrar isso em um simples banho que se tornou um hábito automático.

É claro que o Move Flow é uma forma de se encontrar assim como tantas outras formas disponíveis, mas fico me perguntando como acessar esse lugar em diversas situações.

Não podemos esperar o ambiente certo, as condições certas, as ferramentas e métodos ideias para acessar essa força interna e externa, é necessário criar as nossas formas de nos encontrarmos com nosso EU que mora dentro de dEUs e que acessa essa força maior e onipresente.

É impossível não se perder pelo caminho em algum ou alguns momentos da vida, mas desejo que você se encontre toda vez que isso acontecer e que esse aprendizado torne você uma pessoa melhor para si e para o mundo.

Sigo me perdendo e me encontrando nessa jornada da vida, mas espero nunca mais me perder da presença de dEUs.

Se esse texto te tocou não exite em compartilhar comigo pelo instagram do @feavancini ou pelo @move.flow

Com carinho e flow

Fernanda Avancini

 

Me conheça no Instagram
Conheça o Move Flow
• Conheça a Dra Ana Paula Peña
• Conheça a Mariana Ferrão
• Conheça a Venturas Viagens