Pós-parto, Trilhos Anatômicos e Move Flow

Pós-parto, Trilhos Anatômicos e Move Flow

Por Bruna Grandini
Educadora Física e Embaixadora Move Flow

 

Neste artigo, contarei minha experiência de como o Move Flow e o conhecimento dos Trilhos Anatômicos, ajudaram a me reconectar com meu corpo.

A gestação e as mudanças no meu corpo

Em 2018, engravidei um mês após a minha formação do Move Flow que foi excelente, pois durante toda a minha gestação pratiquei exercícios do método para deixar meu corpo pronto para o momento do parto e aliviar dores decorrentes das mudanças que ocorrem neste período.

Tinha como objetivo um parto natural, mas não consegui e precisei passar por uma cesárea, quando pude sentir no corpo que, de fato, um bisturi transforma nossa fáscia em plural.

Nos meses seguintes ao parto, não reconhecia meu corpo. Sentia dores, minha biotensegridade estava prejudicada e meu corpo estava todo desalinhado. Em fevereiro de 2020, fiz a formação do Move Flow nas Máquinas e lá tive a certeza de que meu corpo não era o mesmo de antes da gestação.

Durante o exercício Guerreiro no Reformer, me senti completamente insegura, sem conexão e tônus da Linha Profunda Anterior (LPA). Por um instante, me senti triste e frustrada, mas a partir daquele dia o Guerreiro se tornou o meu desafio de superação.

 

O processo de autocura

Logo após a formação,veio a pandemia e iniciei as aulas on-line. Durante os exercícios, me vendo na tela, percebia o quanto meu corpo estava desalinhado, desconectado e, numa demonstração de movimento para a aula, senti meu adutor da coxa direita totalmente colado, curto, sem deslizamento.

Foi neste momento que mergulhei de cabeça na minha autocura para transformar o meu dolorido em colorido novamente.

Com o conhecimento dos Trilhos Anatômicos consegui me autoperceber e me autoavaliar para observar quais linhas estavam “gritando” e iniciei minhas práticas de Move Flow com este propósito.

Primeiramente, foquei nos trabalhos respiratórios para começar a reequilibrar o corpo como um todo e estimular a Linha Profunda Anterior. Usava muito as sequências na parede para auxiliar na expansão do corpo e para conseguir trabalhar as aderências no tecido fascial.

Com 8 meses de pós-parto, eu ainda não conseguia me deitar de barriga para baixo sem sentir muita dor na região da cirurgia. Então, usava as bolinhas na região da cicatriz, nas sequências da parede, e em poucas semanas eu fui sentindo uma melhora absurda nas aderências e aos poucos voltei com sequências em decúbito ventral, melhorando o tônus e o deslizamento da minha Linha Superficial Posterior.

 

Os benefícios proporcionados pelo Move Flow

Fui sentindo o corpo mais conectado, com mais biotensegridade e isso foi me deixando mais segura para treinar as sequências de mais tônus do Move Flow.

Minhas Linhas Laterais começaram a deslizar melhor. As Linhas Espirais estavam com mais conexão fazendo meu corpo ter mais energia e todos os dias eu fazia alguma variação de Guerreiro – o exercício que me desafiou, que mostrou o quanto eu estava desconectada de mim, não só fisicamente, mas mentalmente.

 O movimento é sempre um convite ao autoconhecimento e a autopercepção, se você se permitir ir por esse caminho. O movimento é cura em vários níveis e o Move Flow juntamente com o raciocínio dos Trilhos Anatômicos são ferramentas gentis e ao mesmo tempo intensas e poderosas para utilizar nesta caminhada.

Hoje, afirmo com todas as letras que o Move Flow transformou minha vida, meu corpo e minha mente. Me ajudou nesse processo tão delicado, pouco falado e valorizado que é o pós-parto.

Existe um grande cuidado com a gestante, mas depois que o bebê nasce e essa mulher vira mãe é como se desaparecesse da sociedade e sua única função passe a ser cuidar e fazer com que o bebê esteja sempre bem, enquanto suas dores passam a ser ignoradas, ou melhor, é como se virasse uma supermulher que não sente dor, cansaço, fadiga, stress, angústia entre tantas outras emoções e sintomas físicos.

O Move Flow abraça essas mulheres, mostra que o autocuidado é importante para o seu bem-estar físico e mental. Graças aos Trilhos Anatômicos sabemos que praticar uma sequência de 10, 15 minutos, é o suficiente para aliviar dores no corpo e te manter saudável.

E não só isso, mas também para manter um corpo ativo e funcional para as tarefas do dia a dia. Saber que somos conectados dos pés a cabeça e do macro ao micro é um conhecimento que nos liberta de crenças que afirmam que nós precisamos ficar horas nos movendo para ter resultado.

Estimular o corpo usando as bolinhas texturizadas, nos pontos certos, com a linha de raciocínio que o método nos traz pode ser mais eficiente do que 60 minutos de exercícios sem a intenção correta.

Afinal, mães de bebês precisam de exercícios que sejam eficientes e rápidos, pois nem todas conseguem ficar fora de casa por mais de 1 hora (eu mesma, não conseguia).

 Enfim, o Move Flow me proporcionou inúmeros benefícios no pós-parto até os dias atuais. Quem conhece a fáscia já sabe que nosso corpo é inconstante e que quanto mais estimulamos, mais resiliente ficamos.

Graças a minha experiência, hoje, posso proporcionar o mesmo cuidado para as minhas alunas que têm uma recuperação muito mais rápida do que mulheres que utilizam outros métodos sem o mesmo conhecimento e linha de raciocínio.

Hoje, o Guerreiro é um dos meus exercícios preferidos e toda vez que eu o faço, me passa um filme na cabeça e mostra o quanto somos capazes. Basta ser persistente e seguir treinando!