Move Flow e Saúde Mental
O método Move Flow surgiu como a paz em meio ao caos que eu vivia em meados de 2013 a 2015 quando eu sofria as dores do crescimento de uma profissional da saúde que decidiu empreender sem ter nenhum curso de gestão.
“Sem querer” desenvolvi um método buscando me curar de mim, uma mulher com tendência workaholic e controladora que carregava o “mundo nas costas” priorizando o trabalho antes da sua saúde.
Comecei a aplicar o que dava certo em mim no meu estúdio e ter inúmeros resultados que me motivaram a estudar mais o universo fascinante da fáscia e compartilhar esse conhecimento com outros profissionais da saúde desde 2016 que vinham buscando uma “novidade” para os alunos e no fim descobriam algo que também era para eles se autocuidarem.
Em 2022 começamos um processo para certificar embaixadoras do método Move Flow, profissionais que queriam representar a essência do método comigo e com as treinadoras, e tenho muito orgulho de saber que todas as embaixadoras são pessoas transformadas pelo método.
Nesse artigo, três embaixadoras relatam seus casos reais de como usaram e usam o método Move Flow para lidar com seus transtornos mentais e contam casos de alunos que elas já ajudaram a enfrentar casos parecidos.
Por Fernanda Avancini
O impacto da COVID-19 na saúde mental da população
Por Bruna Grandini
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Saúde Mental pode ser considerada, um estado de bem-estar vivido pelo indivíduo, que possibilita o desenvolvimento de suas habilidades pessoais para responder aos desafios da vida e contribuir com a comunidade.
A prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25% no primeiro ano da pandemia de COVID-19, de acordo com um resumo científico divulgado pela OMS em dezembro de 2022.
Apesar dos diversos estudos feitos ao longo dos dois anos de pandemia que confirmam o impacto da doença e da crise global na saúde psíquica dos cidadãos, pouco foi feito em termos de medidas práticas no combate à crise – anunciada desde 2020 – de saúde mental. É o que mostra o mesmo estudo da OMS, que destaca as lacunas encontradas no enfrentamento da questão.
Em 2023 a população mostrou uma preocupação maior em trabalhar a saúde mental que até antes da pandemia de COVID -19 não era relevante para uma grande parte das pessoas.
O medo, incertezas e inseguranças que passamos durante a crise foi um enorme gatilho para o desenvolvimento de depressão, ansiedade, stress, síndrome do pânico e, por conta do trabalho remoto e demandas domésticas, veio também o burnout.
Move Flow no auxílio ao tratamento de transtornos mentais
No contexto pós-pandemia de COVID-19, 45% das mulheres brasileiras têm um diagnóstico de ansiedade, depressão ou algum outro transtorno mental, (eu, Bruna Grandini, sou uma delas).
Após receber o diagnóstico do médico psiquiatra, ele foi muito claro ao prescrever o tratamento, teria que entrar com medicamentos, mas seria fundamental eu continuar praticando atividade física intensa e o Move Flow por conta de todo o trabalho sensorial que o método proporciona.
Os princípios do Move Flow
O primeiro princípio do método é a RESPIRAÇÃO que é fundamental para o controle da ansiedade, pois ajuda na regulação do sistema nervoso simpático e parassimpático. Por ser uma respiração natural, focada na bolinha e livre de imposição se torna mais fácil trazer a pessoa para o momento presente e para o sentir.
No segundo princípio encontramos a MÚSICA, que age no neocórtex, uma região do cérebro onde estão as partes mais desenvolvidas do córtex, acalmando e reduzindo a impulsividade.
Para diminuir a ansiedade, as músicas mais tranquilas têm o mesmo efeito que uma massagem relaxante, podem induzir a um estado meditativo e alterar a velocidade das ondas cerebrais, aliviando inclusive os sintomas da depressão, TPM e distúrbios de comportamento.
O princípio dos CAMINHOS nos traz a integridade, o perceber o corpo como um todo, de dentro para fora e de fora para dentro. Nos mostra que somos integrados e o quanto as emoções estão registradas na nossa história.
Nesse princípio as palavras nos conduzem para o lugar que o profissional quer te levar e quando estamos numa vertente mais introspectiva, acessamos emoções que estão estagnadas em nosso corpo, fazendo com que ela ganhe um novo sentido.
E o último princípio é o FLOW, é justamente o estado que queremos chegar para a modulação no sistema nervoso autônomo. É o estar presente, focado, deixando preocupações pelo passado ou futuro. Para chegar nesse estado é importante passar por todos os outros princípios.
O poder da atividade física
A atividade física contribui para a melhora da autoestima e promove uma mudança biológica em nosso organismo, liberando neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, reduzindo a inflamação e melhorando a resposta imune, entre outros fatores que estão associados a um melhor funcionamento do sistema nervoso central.
Existem inúmeras evidências científicas sobre os exercícios serem eficientes não apenas na melhora do bem-estar, mas na prevenção e melhora dos sintomas de depressão, ansiedade, transtorno bipolar etc.
Um grande exemplo dessa eficiência dos exercícios físicos no tratamento dos transtornos mentais é minha aluna Isabela Baia, que sofria com o Burnout quando chegou até o meu Estúdio e começou a praticar o Move Flow:
“Conheci o Move Flow numa fase de tratamento de síndrome de burnout. Já fazia exercício físico há muitos anos, mas nada que me trouxesse para a percepção do meu corpo e respiração como o Move Flow propõe. Me lembro de iniciar a aula com dificuldade de respirar e tensão nos ombros e escápulas e terminar a aula aliviada e me sentindo bem melhor e sem dor, respirando melhor e percebendo o quanto a técnica me trazia conforto e espaço não somente no corpo, mas também na mente! Foi incrível perceber as mudanças ao longo dos meses realizando a prática. Já levei minha bolinha de Move Flow inclusive para minhas férias, para praticar e aliviar as dores, por exemplo, após longas viagens de avião e carro. Hoje continuo praticando e percebendo que os benefícios de se trabalhar a fáscia e a consciência do movimento são exponenciais e superam o físico, alcançam a mente!” – Isabela Baia
O Move Flow é um método que te convida a olhar para dentro, se autoconhecer, se respeitar e se amar. Traz inúmeros benefícios para o corpo e mente. É fazer Sentir para Fazer Sentido!
Habitar o Corpo é Preciso
Por Gisele Essy
Você já parou para pensar que nunca estamos onde o nosso corpo está? Dirigimos pensando no problema do trabalho, almoçamos preocupadas com o filho, caminhamos lembrando do que esquecemos de manhã, etc.
Ou seja: vivemos no piloto automático! Ignorando de momento a momento os “sinais” do nosso corpo! Viver neste estado de desconexão com nosso corpo e com a percepção dos pensamentos, sentimentos e emoções é um dos fatores que nos faz ignorar os primeiros sintomas de uma saúde mental inadequada!
Isso porque os transtornos mentais são geralmente caracterizados por uma combinação de emoções, comportamentos, percepções e pensamentos que podem afetar a vida de uma pessoa. Para identificar alterações na nossa saúde mental é fundamental conhecermos o nosso corpo. E estarmos presentes dos nossos comportamentos!
É justamente quando algo no corpo muda, percebemos que alguma coisa pode estar errada e aí podemos perceber que pode ser um sinal de doença, entre elas, as doenças mentais, e agirmos quanto antes!
Move Flow – A chave para nos conectarmos
O ambiente sensorial criado pelos princípios da Música, Caminhos, Respiração e Flow, como vimos anteriormente, nos auxiliam a “habitar o corpo”, ou seja, perceber o corpo no ambiente (exterocepção) e perceber o corpo com seus processos internos (interocepção).
Ou seja, cria um ambiente seguro para entrarmos em contato com as percepções do nosso corpo e perceber nossos pensamentos, sentimentos e emoções em movimento. Isso nos permite ressignificar tanto o corpo em movimento como nossas emoções, sentimentos e forma de pensar. E isso se reflete de forma magnífica, fora da aula, com mudanças de hábitos e comportamentos!
Veja o que minha aluna Dalva L. D. Medeiros, psicóloga clínica, especialista em TCC e outras terapias quarta geração, praticante de Move Flow há 4 anos, compartilha conosco sobre o tema:
“Nossos COMPORTAMENTOS podem ser modificados. A base é identificar as nossas CRENÇAS CENTRAIS (aquelas que alguns chamam de limitantes), que são nossos PENSAMENTOS primitivos, aquilo que entendemos como verdade única em algum momento de nossas vidas. E estes podem ser RESSIGNIFICADOS. Vejamos!
Diante de qualquer situação experimenta-se uma EMOÇÃO que desperta SENTIMENTOS, podendo ser de prazer ou desprazer. Então, prestar atenção nestes sentimentos de desprazer é fundamental.
Quando sentimos, repetidas vezes, algum sentimento tais como, angustia, medo, ansiedade, culpa, raiva, nojo, por exemplo, deve-se atentar para o PENSAMENTO desencadeado naquela situação.
Vou mostrar através de três exemplos comuns que ocorrem, especialmente, com as mulheres adultas 50 anos+, nos dias de hoje, dada a cultura em que foram criadas: ela está na situação de aula de Move Flow ou em qualquer outra que seja para realizar o autocuidado e durante a prática sente ansiedade, e pensa:
“Esta atividade não é para mim!”. Isto pode estar relacionado a uma CRENÇA CENTRAL OU PRINCIPAL, entre elas:
Merecimento e incapacidade: a pessoa não sente merecedora daquele autocuidado ou, ainda, capaz de realizar aquele cuidado consigo;
- Culpa: Não estou cuidando do outro, filhos, marido, pais ou até a profissão, como sempre lhe foi delegado, ao longo da vida;
- Perfeição: não estou fazendo correto. “Se não for para fazer perfeito, então não faço!”
Para cada uma dessas crenças pode-se criar outras crenças intermediarias, tais como: “não posso”, “não consigo”, “não é o momento” etc. Todas para justificar a principal e se convencer que está correta, ou seja, não continuar a atividade de auto cuidado sob qualquer um desses pretextos e pressupostos.
Os PENSAMENTOS são inconscientes, intrusivos, repetitivos, portanto devem ser apenas identificados, reconhecidos. E só poderão ser ressignificados através da MUDANÇA DE COMPORTAMENTO, ou seja, acolher o pensamento e experimentar a experiência para provar para si, o quanto é merecedora, capaz de cuidar de si primeiro.
E, ainda, que não precisa ser perfeita, que a repetição leva a aprendizagem. Portanto, as crenças podem ser rejeitadas, alteradas, modificadas através da mudança de comportamento – o fazer a atividade física. Isto é a REGULAÇÃO EMOCIONAL, que traz saúde e bem-estar físico e emocional.
Na minha perspectiva de psicóloga e praticante assídua há 4 anos de Move Flow este é o grande benefício para a saúde mental do Método Move Flow, pois ao integrar corpo e mente, através da identificação das emoções e sentimentos durante as práticas conseguimos ressignificar o corpo em movimento e as emoções.
Isso conduz a identificação dos pensamentos e determinam uma nova conduta em relação ao corpo, a dor, ao sedentarismo causado pelas crenças. Assim, se cultiva o novo COMPORTAMENTO DE AUTO CUIDADO numa outra dimensão – o prazer, o bem viver, sem culpa, sem perfeição e merecedora!”
Incrível não é mesmo? Dalva foi minha primeira aluna onli-ne de Move Flow e trago este relato dela, pois nós instrutores de Move Flow recebemos feedbacks diários do Poder de Transformação do Método que vai muito além de alívio de dores e ganho de função e performance.
O Move Flow nos permite habitar o corpo, sair do piloto automático e seu ambiente sensorial nos permite acolher nossas emoções, sentimentos, pensamentos, e ressignificando-os através da auto exploração em movimento.
A cura promovida pelo Move Flow
Um depoimento de Keila Antunes, embaixadora do método Move Flow
Sou Praticante de Move Flow há 4 anos e posso assegurar que a prática regular reflete-se na forma como levamos todas as áreas da nossa vida e com certeza nos garante uma saúde mental de qualidade!
Convivo com a ansiedade desde meus 17 anos, hoje escrevo esse relato aos 29. Nunca foi fácil para mim admitir tem esse transtorno, meus pais no início falavam “filha você precisa se controlar, vai dar tudo certo”, eu ia para o meu quarto e pensava “nossa, como é simples para eles, pois não entendem meu sofrimento”.
Desde muito jovem fui perfeccionista e sempre muito exigida em casa, para ser sempre a melhor aluna, melhor amiga, melhor filha, meus pais me cobravam muito, então quando gerava certos desapontamentos as crises vinham.
Chorava escondido para não demonstrar fraqueza, até certo dia não aguentar tamanha pressão e pedir ajuda para minha mãe dizendo que estava infartando, pois a dor no peito era tanta que aquilo me preocupou.
Dos meus 18 aos 21 anos negligenciei muito minha saúde, pois trabalhava e fazia faculdade de fisioterapia, e como meu perfil perfeccionista falava alto, precisava me destacar em sala de aula e no trabalho e, em contrapartida, participava dos grupos de trabalho científico na faculdade.
Aos 22 anos vivenciei minha maior crise de ansiedade, foi então que busquei além da ajuda psicológica, a ajuda psiquiátrica. Hoje consigo falar sobre o assunto de forma aberta e positiva, pois sei que posso contribuir com outras pessoas.
Eu tinha muita vergonha em admitir que precisava de remédios para sorrir, para acordar ou dormir, parecia que aquilo me controlava. Detestava admitir que precisava daquilo, so não queria sentir medo, pânico ou desespero quando as coisas não saiam como eu esperava.
Troquei de psicóloga aos 23 anos e foi ai que as coisas começaram a mudar. Comecei através da ajuda dela buscar por atividades que me trouxessem calma, meditações e exercícios de alta intensidade, para gastar energia.
Cada dia mais eu me dedicava a isso, pois não queria depender de nenhum remédio. E consegui, fiquei livre das medicações após praticas contínuas de exercícios, alimentação mais saudável e boas horas de sono.
Porém, aos 25 anos, abri meu studio de Pilates, e comecei a me deixar para trás, dando prioridade em atender e cuidar do outro. Deixava de sair para fazer uma caminhada para atender alguém com dor, sem perceber que aos poucos essas atitudes estavam me deixando cada vez mais próxima do retorno a medicação.
Infelizmente isso aconteceu no ano de 2020, juntou excesso de trabalho com a pandemia, medo excessivo em falir meu negócio, horas e horas de atendimentos online e falta de amor e respeito comigo.
Foi então que decidi que precisava mudar isso, retornei aos remédios, pois não havia mais outra alternativa e passei tirar 20 minutos para fazer alguma atividade. Conheci o Move Flow nessa época e comecei a praticar todos os dias com vídeos do YouTube e lives no Instagram. Me apaixonei pela libertação que o método me trouxe e pelas transformações em meu corpo.
No ano seguinte entrei para a formação do método e comecei priorizar meu autocuidado, já estava com uso contínuo de uma medicação. Intensifiquei as práticas de Move Flow no meu corpo e a cada dia, me sentia mais viva, livre e aberta a viver meu melhor.
Todas as vezes que sentia o Move Flow e suas transformações em meu corpo só agradecia imensamente por ter encontrado algo que me trouxe calmaria e me mostrou a importância de me pôr em primeiro lugar, de priorizar minha mente, meu corpo e criar minhas conexões para pode assim atender melhor aos meus pacientes.
Em 2023, passei por diversas situações que agravaram minha saúde mental, vivi um relacionamento abusivo, que me gerou além de diversas crises, síndrome do pânico e síndromes metabólicas, entrei num poço sem fim.
Porém, com o Move Flow eu sempre subia um degrau desse poço e, ao final de 2023, venci esse relacionamento, venci o uso controlado de medicações, que por sete longos anos me acompanharam, venci traumas e crenças.
Hoje sou uma pessoa com autocontrole e grata por ter em mãos um método tão lindo, que me acolheu e me trouxe o entendimento que tudo é passageiro e que sim, somos capazes de encontrar a paz em meio ao caos.
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