Guia Completo Sobre os Trilhos Anatômicos
Você sabia que em todo o seu corpo percorrem 12 linhas que, entre outras coisas, atuam na transmissão de força, produzem movimento, armazenam e liberam energia elástica? Estamos falando dos trilhos anatômicos, conceito muito importante para quem quer conhecer a fáscia em sua integralidade.
Então, se você quer conhecer melhor o funcionamento do seu corpo, muito além da anatomia que aprendemos na escola, e deseja aprimorar o seu atendimento com um conhecimento que, de fato, transforma, te convido a continuar a leitura e mergulhar nesse universo fascinante.
O que são os trilhos anatômicos?
Os trilhos anatômicos foram uma descoberta do norte-americano Thomas Myers, professor e terapeuta manual integrativo, que é um dos precursores do estudo da fáscia. Em 1990, enquanto dissecava cadáveres para ensinar anatomia aos seus alunos, Thomas Myers identificou diversas continuidades de fáscia e músculos.
A partir de então, ele se dedicou a estudá-la e a estimular seus alunos a encontrarem transmissão de força miofascial nessas linhas. Com isso, desenvolveu um mapa corporal com 12 meridianos miofascias, o que chamou de trilhos anatômicos.
Então, respondendo a pergunta do título, os trilhos anatômicos são continuidades de fáscia e músculos que envolvem todo o corpo, sem interrupção, e que precisam atender a, pelo menos, um dos seguintes critérios:
- transmitir força;
- produzir movimento;
- armazenar e liberar energia elástica;
- aumentar a estabilidade com mobilidade (cabe esclarecer que os trilhos anatômicos foram criados com base em fundamentos da terapia manual).
Qual a relação dos trilhos anatômicos com a biotensegridade?
Na biotensegridade, aprendemos que o sistema músculo-esquelético é uma sinergia de músculos, tecidos e ossos. Enquanto músculos e tecidos (miofáscia) promovem a tração contínua, os ossos fornecem a compressão descontínua, causando um equilíbrio mútuo.
Assim, para nos mantermos de pé contra a gravidade, nossas estruturas corporais estão o tempo todo navegando por uma estabilidade dinâmica que alterna tônus e mobilidade para adaptar-se as situações do dia-a-dia.
Da mesma forma, Thomas Myers nos diz para pensarmos no sistema neuromiofascial como um grande continuum onde fáscia, músculos, tendões, ligamentos, ossos, orgãos, sistemas e células formam rota de acesso para integrar o corpo de forma holística. Com isso, entendemos que tanto a biotensegridade quanto os trilhos anatômicos são conceitos que nos ajudam a desenvolver um pensamento integrado do corpo.
Quais são os 12 meridianos miofasciais?
Os 12 meridianos miofasciais, ou trilhos anatômicos, de Thomas Myers, envolvem músculos, órgãos, ossos e células, sendo uma rede sem começo e sem fim, mas que se fundem e formam a fáscia. As 12 linhas mapeadas são:
- LSP – Linha Superficial Posterior:
- LSA – Linha Superficial Anterior;
- LL – Linha Lateral;
- LE – Linha Espiral;
- LPA – Linha Profunda Anterior (Core Miofascial);
- LFP – Linha Funcional Posterior;
- LFA – Linha Funcional Anterior;
- LFI – Linha Funcional Ipsilateral;
- LSPMS – Linha Superficial Posterior do Membro Superior;
- LPPMS – Linha Profunda Posterior do Membro Superior;
- LSAMS – Linha Superficial Anterior do Membro Superior;
- LPAMS – Linha Profunda Anterior do Membro Superior.
A seguir, você irá conhecer, com detalhes, as 5 primeiras linhas que são o GPS da fáscia, o ponto de partida para você mergulhar neste universo.
1) LSP – Linha Superficial Posterior:
É a linha que nos mantém de pé, exercendo uma função postural muito grande. No que se refere aos músculos, tem uma potência mais excêntrica. Pensando em movimento, quando a LSP faz extensão ela está em ativação, e na flexão está em alongamento. No que se refere à função de movimento:
- extensão cabeça e coluna;
- nutação do sacro;
- extensão do quadril;
- flexão do joelho
- flexão plantar.
2) LSA – Linha Superficial Anterior
É a linha que tem como função postural equilibrar a LSP e proteger as partes mais sensíveis do corpo. Trata-se de uma linha muito reativa, responsável pelas flexões do tronco e quadril.
A Linha Superficial Anterior está intimamente ligada à Linha Superficial Posterior. Pensando em movimento, quando a LSA faz extensão ela está em alongamento, flexão está em ativação. No que se refere à função de movimento:
- extensão cervical superior;
- flexão cervical baixa;
- flexão torácica e lombar;
- inclinação posterior da pelve;
- flexão de quadril;
- extensão de joelho;
- dorsiflexão e estabilização de tornozelo.
3) LL – Linha Lateral
É o recheio da LSP e da LSA e tem como função postural equilibrar a região frontal e dorsal bilateralmente (lados direito e esquerdo). A LL atua nas flexões laterais e abduções de quadril, cruzando com as outras linhas em diferentes pontos de encontro.
A Linha Lateral está intimamente relacionada com a Linha Profunda Anterior, Linha Espiral e as linhas dos braços. No que se refere à função de movimento:
- abdução de quadril;
- eversão do pé, pronação e flexão plantar;
- flexão lateral da coluna;
- inclinação lateral da cabeça;
- rotação da coluna e das costelas.
4) LE – Linha Espiral
A LE tem como função postural enrolar e desenrolar o corpo, em uma espiral dupla que ajuda a manter o equilíbrio em diferentes planos. É a “superficial das superficiais” e participa das espirais do corpo.
Muito da miofáscia da Linha Espiral também participa em outros meridianos, o que a envolve em muitas funções. Por isso, um desequilíbrio na LE acarreta praticamente em todos os outros. No que se refere à função do movimento, a Linha Espiral:
- cria e media rotações no corpo e movimentos em espiral;
- Nas contrações excêntricas e isométricas, dá suporte ao tonco e às pernas, a fim de evitar que se dobrem em colapso rotacional;
- contribui para a estabilidade dinâmica e equilíbrio do movimento em todos os planos.
5) LPA – Linha Profunda Anterior (Core Miofascial)
O Core Miofascial é o recheio de todas as linhas. A LPA suporta o corpo através das seguintes funções posturais:
- elevando o arco longitudinal do pé;
- estabilizando cada segmento dos membros inferiores;
- sustentando a coluna lombar a partir da parte frontal;
- estabilizando o tórax enquanto permite a expansão e relaxamento da respiração;
- equilibrando o pescoço e a cabeça acima de todas as partes.
No que se refere à função de movimento, a Linha Profunda Anterior não é exclusivamente responsável por nenhum movimento, além da adução do quadril e onda respiratória do diafragma. No entanto, nenhum movimento está isento da sua influência.
Enfim, esses são os trilhos anatômicos de Thomas Myers. A partir da leitura deste artigo, você deu o primeiro passo para desvendar os segredos da fáscia e compreender o corpo como um todo. Porém, importante esclarecer que os trilhos anatômicos visam complementar as abordagens tradicionais do músculo isolado e não negligenciar esse estudo.
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Assim, para nos mantermos de pé contra a gravidade, nossas estruturas corporais estão o tempo todo navegando por uma estabilidade dinâmica que alterna tônus e mobilidade para adaptar-se as situações do dia a dia.
Da mesma forma, Thomas Myers nos diz para pensarmos no sistema neuromiofascial como um grande continuum onde fáscia, músculos, tendões, ligamentos, ossos, orgãos, sistemas e células formam rotas se acesso para integrar o corpo de forma holística. Com isso, entendemos que tanto a biotensegridade quanto os trilhos anatômicos são conceitos que nos ajudam a desenvolver um pensamento integrado do corpo.